The chauffeur

O despertador tocou há dez minutos. Atiro com ele para o chão e parte-se.
Já é o terceiro este mês.
Tenho de me levantar... vá lá corpo, levanta-te! A custo, lá me levantei.
Já lavei a cara e espreguicei-me, como se o mundo fosse acabar amanhã, mas o cansaço da noite de ontem, não desaparece.
Vou tomar um duche, vestir o fatinho e colocar o meu sorriso nº33, para encantar os meus queridos patrões.
Aquela gente hipócrita, para quem trabalho. Podres de ricos, no entanto, tão futéis.
“Dá Deus nozes a quem não tem dentes!”
Eu ando a afiar os meus!
Coloco os meus óculos escuros e estou pronto, para mais um dia...
Como as minhas amigas dizem “ a versão Martini-man”, que muito tem feito por mim.
Daqui até à mansão, são uns 5 minutos a pé.
Vivo num anexo, gentilmente cedido pela Senhora. Só preciso de atravessar o jardim.
Entro pela porta das traseiras, como o comum empregado e tomo o pequeno almoço na cozinha, preparado pela Maria, a cozinheira.
Após todos tomarem o pequeno-almoço, apresento-me no hall de entrada, onde me são dadas as ordens para o dia, que raramente correspondem ao que me é dito a essa hora. Surgem sempre imprevistos.
Nesse dia tinha de levar a “menina” Bárbara ao cabeleireiro e a todos os lugares, que ela precisasse.
Fui ligando o carro, enquanto a “menina” Bárbara, foi buscar as suas coisas.
Estou a olhar pelo retrovisor... a “menina” Bárbara já aí vem... linda!!!
Aqueles cabelos castanhos, brilhantes e macios, de olhos verdes e lábios carnudos...
Boas curvas... umas coxas de chorar e um sinalinho na nádega direita... UI!!!
- Olá João! Já sabes o que tens a fazer...
- Sei sim...
Arranquei com o carro. A alguns quarteirões de distância, parei e a Bárbara passou para a frente. Aproveitou logo para me cumprimentar como era costume e para me dizer, que eu tinha estado imparável na noite anterior e como a desculpa, que tinha arranjado, tinha resultado.
- Vamos fazer a primeira paragem. Já tenho o director à minha espera, João.
- Vamos... não podemos fazer o “director” esperar.
Fazemos uma “pit-stop”... a primeira do dia, no banco mais importante da cidade.
A Bárbara vai conversar com o director e dizer-lhe que os pais ligaram-lhe do estrangeiro e pediram-lhe para ela fazer uma transferência de dinheiro para uma conta que eles abriram na Suiça, para investirem esse montante em bens nesse país.
Já sei que a minha querida, irá usar das suas preciosas armas, para convencer o directorzinho.
- Espera por mim no carro!
- Eu espero. Faz tudo como combinámos!
Abro a janela do carro e fumo um cigarro... ponho o rádio mais alto... o tempo passa... fumo outro cigarro... olho para o relógio e já passaram 20 minutos... saio do carro e encosto-me à porta... cruzo os braços... até que... é a Bárbara... e o directorzinho... veio trazê-la à porta.
Entro no carro e ponho-o a trabalhar. A Bárbara entra.
- Podemos ir.
- Correu tudo como combinado?
- Tudo, tudo... não! Correu tudo, como deveria correr. Ele fez a transferência. Não faças mais perguntas. Vamos sair daqui!
Próxima paragem... aeroporto... vamos comprar os bilhetes, para a viagem.
- Boa tarde! Dois bilhetes para a Suiça, em primeira classe, para hoje, por favor!
Comprámos os bilhetes para a hora adequada e fomos almoçar.
Foi um almoço ligeiro, porque a Bárbara ía ter uma tarde típica de mulheres, que não têm mais nada que fazer... cabeleireiros e compras.
- Vou deixar-te no shopping e depois vou tratar de uns assuntos. Encontramo-nos mais tarde.
- Que assuntos João?
- Nada que te interesse. Depois passo para te vir buscar.
Que mania das mulheres, quererem saber mais do que aquilo que devem.
A tarde passou a correr. Os assuntos ficaram devidamente resolvidos e fui buscar a Bárbara, que já estava há uma hora, à minha espera.
- Pensei que te estivesses esquecido de mim. Estive quase a apanhar um táxi!!!
- Problema o teu! - disse-lhe. Não estou com paciência, para estas crises.
Levei a “menina” a casa, onde já se tinha juntado a família, que aguardava pacientemente o jantar onde se irá oficializar o noivado da Bárbara, com um menino rico de uma família amiga.
Mal sabe o corno, que é na minha cama que ela dorme todas as noites e digamos que dormir, não será a palavra correcta, para definir a acção.
Aliás, acho que vamos fazer uma pit-stop no meu anexo, antes do jantar. Temos forma de lá entrar sem sermos vistos, o que torna as coisas mais emocionantes.
- Querida, tenho uma coisa que te quero mostrar. - digo-lhe sorrindo e apontado com a cabeça, para o local onde tenho as minhas coisas.
- Tens? Podes dizer-me o que é ou ver ter de adivinhar?
- Vais ter de adivinhar!
Depois de lhe dizer isto, chegou-se ao meu ouvido e sussurou-me... algumas coisas que não posso dizer.
Fomos até lá...e divertimo-nos, antes da seca que se aproximava.
- Vai andando. Eu já lá vou ter.
- OK! Se te tenho esta noite, na mesma sala do Francisco, não sei se vou conter a gargalhada... Coitadinho do Francisco!
Saíu e só pensei (coitadinho, porque não sabe a cabra que tu és!), mas eu posso bem, com a cabra que ela é.
As horas passam virtiginosamente e o dia cede a luz, à escuridão da noite.
Visto o meu melhor fatinho. Nunca sei quando irão precisar dos meus serviços.
Vou até à mansão e encontro a Bárbara.
- Está tudo pronto? - pergunto-lhe.
- Sabes bem que sim. Não deixo nada a meio!
- Óptimo! Fico à espera do sinal.
- Vou lá ter contigo, assim que terminar.
- Assim espero.
Vou jantar na cozinha... o lugar dos empregados, disseram-me um dia.
Não sei bem porquê, mas hoje faço-o com um sorriso na cara e um prazer, que vai para além do normal.
Vou até ao meu anexo. Deito-me na cama. Faço uns telefonemas e vejo um pouco de televisão. Fumo uns cigarrros... e olho na direcção da mansão. As luzes do salão estão acesas e a esta hora já devem estar a servir o jantar.
Adorava ser mosca!
Devem estar a servir o vinho... uma colheita muito especial, para comemorações únicas.
Oiço baterem com os talheres nos copos... isso quer dizer que vai haver um brinde.
PERFEITO!
Bebam um gole... do néctar dos deuses... bebam criaturas desnecessárias.
AHAHAHAHAHAHAHA
Saio a porta... atravesso o jardim. Vou espreitar sorrateiramente pela janela.
Ohhhh... estão todos tão descaídos, coitados. Mas que caras!?
- Até parece que morreram... VÁ ANIMEM-SE! NÃO DEVE SER ASSIM TÃO MAU!
Só falta uma pessoa na mesa... a Bárbara... a QUERIDA BÁRBARA!
Vou entrar... vou até à cozinha...
Pobre Maria... Livrámo-la da vida de cozinheira.
Um dia ainda me vai agradecer... No céu!
AHAHAHAHAHAHAHA
Estou na cozinha, onde cheira a morte. A morte dos empregados.
- João!
Estava de costas, mas quando me virei, não fiquei surpreendido, o que a deixou inquieta.
Apontava-me uma arma.
- Querida Bárbara... minha querida... quantas vezes já te apontei uma arma? E tu gostavas... rejubilavas de prazer. - disse-lhe, enquanto passeava de um lado para o outro em linhas rectas.
- Pára quieto ou atiro!
- Atira meu anjo... não vou parar quieto...
Sem que ela notasse... agarrei numa faca.
- João! Já te disse para ficares quieto!
- Não sou eu que vou ficar quieto... és TU! - atiro-lhe a faca, com todas as minhas forças.
Se a minha matemática e anatomia, não me falham, devo ter acertado nalgum sítio, que não a deixará a respirar muito tempo... apenas o tempo suficiente, para lhe dizer umas coisas.
- Bárbara... Bárbara... não devias brincar com o fogo! Nunca te ensinaram? A tua demora no banco deixou-me desconfiado, por isso, enquanto estavas no cabeleireiro, eu fiz uma visitinha ao teu amigo director, que me contou o vosso plano. Contou-me tudo, até ficar sem voz... e sem pulsação... Outro coitado... mais um Francisco!
Pobre Bárbara... fechou os olhos e já não tive oportunidade de lhe dizer... que o director antes de morrer, transferiu o dinheiro para a conta certa, ou seja, a minha.
Já tenho as malas no carro. Tenho as passagens e vou pôr-me a andar daqui.
O meu tempo de empregado acabou e o tempo de patrão, está agora a começar.
Vou até à Suiça buscar o dinheiro e depois nunca mais me vão pôr a vista em cima.
Confesso que vou ter algumas saudades da Bárbara... (Aqueles cabelos castanhos, brilhantes e macios, de olhos verdes e lábios carnudos... Boas curvas... umas coxas de chorar e um sinalinho na nádega direita... UI!!!).
Até estava disposto a dividir o dinheiro com ela, mas depois da pequena traição que ela cometeu... tinha de a matar!


(pela primeira vez... fica um registo... na pele de um homem)
ENJOY

Comentários

Unknown disse…
Bom se na pele de homem és assim imagino-te na pele de mulher, nem os escalpes escapam...
mas enfim...roubaste a mulher hihihihiih deves ser uma mãos largas...hihihih

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