Re-Construções

Terça feira, um dia amargo, nada de especial a não ser uma coceira enorme no cocuruto da cabeça, a experiência era deliciosa, mas a chuva não batia assim.
Cocei a cabeça, com alguma insistência, até que me tocaram nas costas ao mesmo tempo que lhe saia da boca, uma série de pontos de interrogação, que se atropelavam uns aos outros e que atrofiavam a cabeça.
Aquelas interrogações eram um grito vazio de conteudo, o balão apareceu sem nada escrito, era um vazio de ideias, mas logo me lembrei que estavamos na era do cinema mudo... no tempo do rock and roll.
No tempo do sexo e do mentol. De homens que não largam o urinol.
Deprimentes de balões em riste... mulheres e homens, em despiste.
Calam-se vozes e gritam pensamentos.
Mas isso estava vago mesmo, até porque esses pensamentos eram demasido sérios para se poderem passar para o lado de cá. Aquela era uma dimensão unica, onde os pensamentos se misturavam com as vozes e quem gritava, logo ganhava, mas a vida, essa vivia-se a 100 à hora para poderem ter o que nunca tiveram
O que pensavam que queriam, numa ilusão desmedida. Uma loucura imensa, que vinha de dentro para fora, num vómito atmosférico imparável e contínuo. Um sentimento de vazio, de quarto vazio e cama vazia... de entranhas e corações vazios.
Mostravas o que querias, gritavas o que não tinhas, parecia uma alma, que não existia, a mania da tia, a vontade que queria, entrava, saia, vivia, mordia...
Ficava a tentação, o medo de não querer correr... só com uma perna
O monstro que vivia em ti, rasgou-te o peito impaciente, por algo que teimava em não chegar. Ficaste despedaçado, com o coração literalmente nas mãos, na condição inquieta e morta do ser... que tentaste ser, mas que não permitiram que fosse além do óbvio. Aquilo que vejo, pode não ser aquilo que os outros vêem, mas isso não faz de ti menos ou mais... faz apenas que sejas, aquilo que és, aos meus olhos e aos olhos do monstro que vive em mim.
Virei a esquina onde sons geometricos, andavam de ouvido em ouvido, crescia uma sinfonia, dentro da minha capacidade de levitar, era uma vontade, de te ver... de querer.
Coração prostado nas tuas mãos, serviram-me de mote, para uma noite de amor...
Mas da cabeça não saíam os sons geométricos e numa reconstrução inocente de um quadro do Escher, troquei a noite pelo dia e a verdade pela mentira, enterrei-me na cobardia assumida do ser humano.
Tentei pintar a minha vida no estilo Pollock... desprovido de planos, lancei-me no Carpe Diem, que me trouxe à tua porta numa tentativa desesperada de recuperar uma vida, que já não me pertence.
Uma alma que agarro junto ao peito, onde protejo com a vida tudo aquilo que sou, numa alma que pode parecer tão desumana, quanto invisível, mas que me aquece nos dias frios, de solidão e que me preenchem o corpo de expressões e de emoções, que no final podem ser construções ou destruições.

Escrito por Tânia Traquino e Carlos Barros (republicadospessegos.blogspot.com), dedicado (as always) ao nosso amigo Miguel M.. Este é o post it PLATINA, o mais sério dos menos sérios de todos os textos.

Comentários

Anónimo disse…
:) :) :) :) :) :) :) :) :) :) :) :)

Eu sei que ando desaparecido, mas isso não significa que não venha ver o que andas (andam) a fazer. ;)

Pollock num texto que é dedicado a mim... inefável! :)

A partir de terça-feira estou de volta.

Estou a dever-te uma sms. Prometo recompensar-te.

Beijo tênio para ti
Unknown disse…
o gajo que escreve esses post its contigo não é muito bom da cabeça pois não, claro que não como, é que alguém pode escrever uma coisa dessas hihihihih
lindo miuda....
Unknown disse…
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Unknown disse…
Tânia, isto é de doidos, não sei como arranjaste um parceiro de post it, velho decrépito e sem imaginação, já pensaste substitui-lo...tens de rever os proximos, porque com esse não chegas aos diamantes hihihihihih

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