Rosas - um amor que nem a morte separa

Perdi-me naquele dia de Sol...
Num dia que apesar de estar um Sol quente de Verão, senti-me no mais profundo e rigoroso, dos invernos.
Tinha ido fazer aquilo que faço todos os Domingos.
Peguei no carro e conduzi-me até ao Cabo da Roca, onde ía pedir ao mar que fizesse chegar as flores até ti. A ti que te tinha perdido, num dia de chuva e tempestade.
Esquecer-te estava a tornar-se uma tarefa impossível, apesar de todos me dizerem que para meu bem, tinha de deixar-te partir. Este ritual estava a destruir-me, diziam muitas vezes, principalmente quando pensavam que eu não estava a ouvir.
A verdade é que nunca me perguntaram porque o fazia... sempre se preocuparam mais com eles, do que comigo.
Ainda hoje fecho os olhos e imagino-te a dormir e ainda consigo fazer os teus retratos a sépia, com o mesmo pormenor que sempre os fiz e são eles que dão vida à minha vida. São eles que te mantêm vivo e perto.
Por vezes penso, que tal como tu, não devia ter acordado naquele dia e ainda hoje estaríamos juntos.
Depois do acidente não me lembrava de muita coisa... a minha cabeça estava muito confusa e assim ficou durante muito tempo.
Estive algum tempo a fazer terapia, para me ajudar a interiorizar a realidade e acabei por me lembrar de que momentos antes, de nos termos despistado, tiraste o cinto e abraçaste-me, como se me estivesses a proteger... como se soubesses que jamais saírias com vida, mas que nunca me deixarias morrer.
Quando me lembrei disso, estive dias sem me conseguir levantar, como se não tivesse forças para tal, até que percebi, que a forma de te fazer feliz, estivesses onde estivesses, era eu viver a minha vida, como sempre a tinha vivido.
Não é a mesma coisa sem ti!
Estive no Alentejo, no nosso esconderijo... vi o pôr-do-sol todos os dias, mas a verdade é que a luz e as cores, nunca mais foram iguais.
Descobri, aquilo que seria uma tentativa tua, de me desenhares enquanto dormia. Quando encontrei o desenho, ainda esboçei um sorriso, mas este desvaneceu-se e logo se transformou num choro e numa mistura de sentimentos contraditórios.
Mais um Domingo em que fui levar-te flores... lanço-as ao mar, na esperança que as consigas receber no infinito.
Fazíamos hoje, oito anos de namoro e como todos os anos, preparei os morangos, que comíamos, enquanto escrevíamos num papel aquilo mais gostávamos e o que menos gostávamos, um no outro.
Sentei-me no sofá a comer os morangos e escrevi num papel:
“Este ano, não te vou dizer o que gosto e o que não gosto, apenas tenho para te dizer... que te Amo tanto, como no dia em que me perguntaste se queria namorar contigo, à chuva e à porta do restaurante do teu padrinho.”
Coloquei o ponto final e senti um arrepio. Do quarto veio o barulho da janela a bater.
Fui até lá e os cortinados dançavam inquietos e no chão, junto aos pés tinha uma rosa, que tinha voado para dentro do quarto, da roseira que tínhamos em frente.
Cheguei junto à janela e lá fora não corria vento algum, mas enquanto não a fechei os cortinados não descansaram.
A rosa era de um vermelho profundo, diferente das amarelas, que nasciam na roseira, mas igual às que te levava todos os Domingos.
Não fazia sentido, ou talvez fizesse todo o sentido...
Foi talvez, a tua forma de responderes, ao que te tinha escrito e de me dizeres que sentes o mesmo.

Continuação do texto "Esquissos de amor", que também encontram neste blog.

Comentários

Unknown disse…
gostei do outro e gosto deste, e mais gosto de te ler porra, não o digo por dizer, digo porque gosto mesmo e...tenho sempre duvidas nesta hist´roria se não estás a falar verdade...essa é a minha duvida...
gostei muito tania

Mensagens populares deste blogue

3º Calhau a Contar do Sol

X - Acto

A história mais linda...