Segundos...(sonho)

Queria que sentisses a brisa da manhã...a mesma que me tocou o rosto há segundos atrás.
Aquela que energicamente, levantou do chão a folha, que teimava em permanecer sozinha, no mesmo milésimo de segundo, em que os nossos olhares se cruzaram... se quebraram da monotonia do vazio e da solidão.
No pequeno instante, em que do teu rosto nasceu um sorriso, uma brecha de felicidade, no meu nasceu a incerteza do teu gesto... a expressão curiosa de ser e de não saber o que fazer.
Sente-se o perfume do mar, a pairar pelo ar e o calor do Sol a queimar a pele, cansada de esperar pela suavidade da chuva miudinha, das pequenas gotas que caíem do céu e que trazem com elas, o arco-íris...
Senti o teu toque, no meu ombro, enquanto espreitava uma criança, na plenítude da sua inocência... no esplendor do seu riso.
Sussurraste uma canção desconhecida, com uma melodia descontraída, enquanto das tuas costas surgiam umas enormes asas, de penas brancas, que te rasgaram a carne, sem pedir licença.
Do teu rosto, juraria, que nasciam as lágrimas da tua dor, mas olhando com atenção, deu para entender... derramavas, sim, as lágrimas; mas apenas, para que elas me matassem a sede, neste tempo de seca.
Abriste-me, assim, as asas para que me aninhasse junto a ti, num sonho, sem princípio nem fim.


Por vezes, encontramos em nós, coisas que desconhecíamos...uma auto-descoberta compensadora.

Comentários

Unknown disse…
a verdade é essa, por vezes somos aquilo que julgavamos que não eramos capaz de ser... seja lá o que isto queira dizer...mas é assim mesmo

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