O Kamikaze das Terras Altas!

Estamos nas Terras Altas. No ar corre uma arajem fria.
Diego organiza meticulosamente os planos, bem estudados e o material, para pôr em acção um projecto secreto.
Já sonha com este dia há mais de 10 anos, quando ainda se ouvia falar, frequentemente da "Pantera Negra" de Lisboa.
Nos seus olhos espelhava-se o ódio profundo por um clã, tão diferente do seu.
Os tão falados derbys da Capital, só o faziam alimentar esse sentimento que crescia de dia para dia.
Já tinha acordado há umas horas e repetiu o ritual de todos os dias... Assim que acorda, canta o hino que lhe preenche o coração e beija o cachecol, que tantas vezes usa com amor e orgulho, enquanto profere os cânticos guerreiros, semi-tribais do seu clã.
O Clã das Terras Altas, conhecido pela dedicação quase obcessiva dos seus associados, vista por uns com bons olhos e por outros, com desdém.
Diego arranjava sempre forma de calar esses, que por desdém se opunham aos seus ideais.
Neste dia, tinha algo muito especial planeado.
Faz as malas com algumas coisas essenciais e arruma todo o material necessário.
O seu A4 está atestado, para desce até à Capital e na viagem consegue bater o seu recorde pessoal, muito graças à motivação.
Já em Lisboa, o dia do Derby, aproximava-se e Diego acerta os últimos pormenores.
No hotel onde se instalou reviu as plantas, de um certo estádio de futebol em betão, enquanto numa habilidade digna de um Macgyver, montou o seu equipamento num abrir e fechar de olhos.
Descansou algumas horas, após ter a certeza de que nada iria falhar.
Diego dirigiu-se para aquele que seria o cenário chave desta missão...
Sabia exactamente por onde deveria andar sem que dessem pela sua presença.
Instalou-se bem no centro do estádio da Luz.
Não estava preocupado. Não tinha medo. Os batimentos cardíacos permaneciam fiéis ao que sempre foram.
Quase não se ouvia a respiração, mas sempre com um sorriso na cara.
Começavam a faltar apenas algumas horas para o Derby, mas não era essa a hora pela qual esperava.
Havia algo que o impedia de levar o seu plano àvante nessa altura.
Esperava apenas o minuto certo...
Já está tudo preparado!
Sao 16 horas, no ar corre apenas uma brisa fresca e o céu está limpo... de um azul impressionante.
Diego levantou-se, deu um jeito ao cabelo com os dedos, olhou o céu e retirou do bolso, o cachecol do seu clã (FCP) que beijou.
Enquanto numa mão erguia com orgulho o cachecol, na outra segurava um dispositivo com um botão.
Diego começou a pressionar o botão e de imediato, numa sequência louca, o estádio começou a cair, com uma violência tal, que em poucos minutos, ficou tudo destruido.
Diego não se mexeu... permaneceu no meio do estádio, enquanto observava a destruição, que de alguma forma exorcisava o seu ódio profundo.
Alcançou a paz e nunca mais foi visto.
No meio da destruição, o seu nome não consta da lista dos mortos ou feridos.
Do Diego; o kamikaze das Terras Altas... resta apenas a secreta admiração de alguns associados do seu clã e o terrível ódio dos amigos e familiares dos mortos e feridos.


Como foi prometido... aqui está!!! :)

Comentários

Unknown disse…
o que pode restar... resta uma exelente imaginação levada até ao kaos que se passeia por nós...

muito gosto eu de te ler.

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