O sorriso

Sara é uma menina de 12 anos, que sonha em ser bailarina e ter uma casa junto a um grande lago, cheio de cisnes brancos.
Os pais de Sara, gostam muito de viajar e levam-na com frequência para conhecer muitos sítios novos.
Ao passearem pelas ruas e pelos lugares novos, Sara sempre sorri para todas as pessoas que encontra e é frequente, dizerem-lhe que é uma rapariguinha simpática, com um bonito sorriso.
As pessoas achavam a Sara muito querida e alegre, já que andava sempre com um sorriso de orelha a orelha.
Os pais achavam que apesar de Sara andar sempre sorridente, era mais expansiva quando era mais nova... mais extrovertida.
Um dia a mãe começou a aperceber-se de que Sara, apenas sorria para os estranhos e que perto das pessoas que já conhecia continha o sorriso.
Uma vez perguntou-lhe:
- Sara, diz uma coisa à mãe... Porque é que sorris às pessoas estranhas e quando vem cá alguém a casa que conheces, ficas sempre tão caladinha e nem sorris?
- Porque essas pessoas que conheço, já sei que elas não me fazem mal, mamã. Nunca fizeram!... - disse Sara e correu para o jardim, para ir brincar no baloiço.
A mãe não percebeu a resposta e acabou por ficar na mesma.
O pai de Sara já tinha sido casado e fruto desse casamento, nasceu o João.
Quando a mãe do João faleceu, este, que tinha na altura 14 anos, foi viver com o pai.
O João que tinha ficado muito perturbado com a morte da mãe, mas que se recusava a ir às consultas do psicólogo, foi piorando de dia para dia, até que arranjou forma de descarregar a sua loucura.
Sara, tinha nesta altura 6 anos.
Certa vez, quando estavam apenas os dois em casa a brincar às escondidas, João aproximou-se de Sara e disse-lhe:
- Porque é que nunca sorris para mim miúda?
Sara limitou-se a olhar para ele com o seu ar inocente.
- Não me conheces. - insistiu o João - Devias sorrir para mim, assim não conseguiria fazer-te mal.
Agarrou na pequena Sara e levou-a para o seu quarto.
Deixava-a gritar enquanto violava a sua inocência, até porque eram deixados sozinhos com frequência e naquela casa, não estava mais ninguém.
João dizia a Sara, que lhe fazia aquilo, porque ela nunca lhe sorria e para que outros (estranhos) não fizessem o mesmo, que ela devia mostrar sempre o seu melhor sorriso.
A pequena Sara, sem entender muito bem o que se passa, apenas que as brincadeiras com o mano a magoavam, passou a partir daí a partilhar com os desconhecidos o seu melhor sorriso... o sorriso que partilhava com receio que a magoassem, caso não o fizesse.
O sorriso que nascia do medo!

Comentários

Anónimo disse…
À nossa casa... lugar onde nos deveriamos sentir seguros e protegidos.

Infelizmente existem centenas, milhares de histórias de vida assim...

Beijinhos.
Ne

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