Canção d’embalar

Encontrei no teu quarto um manto de algodão doce... toquei-lhe com os dedos pequeninos e neles, se desfez em mil sonhos.
Fechei a cortina de fitas de seda, para te deitar nas almofadas de nuvens.
Fechámos os olhos e deixei-me levar, num mar de estrelas cadentes, na decadência do tempo...
Um tempo que percorro, em tom de penitência, numa tortura infindável, de espinhos pontiagudos, que sinto cravarem-se na carne.
Saboreio o sangue com sabor de morangos silvestres, de planícies agrestes, que se perdem no horizonte.
Contam-me os teus lábios, pequenos segredos, que o teu coração não guarda.
Fazem brotar em mim, as lágrimas de diamantes inocentes, que te ofereço, embrulhadas em papel de veludo azul.
No sopro do vento, viaja perdida a minha vida, no teu Mundo de aberrações.
Desenho num papel de todas as cores um Mundo novo... um Mundo que se ajusta a nós, como um casaco quentinho e cómodo.
Sopro a felicidade para o teu coração e desperto os sorrisos de todos os poros do teu corpo.
Observo-te através dos binóculos de bolinhas verdes, na esperança de te sentir mais perto, na distância de dois oceanos... tão longe!
A tua voz entra nos meus ouvidos, como uma melodia de uma canção d’embalar... suavemente... até abrir os olhos novamente... e ao meu lado, não te encontrar.
Encontrei no meu quarto, a solidão de quatro paredes a convergirem sobre mim... até deixar de existir, numa explosão de pedaços de papel vermelho.



Banda sonora intergaláctica para este texto - "Far away" dos Nickelback

Comentários

Unknown disse…
as intermitencias de porra nenhuma...é preciso sobreviver.

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