O suícidio das palavras

O suícidio das palavras,
quando por ti são proferidas,
mais parecem estaladas,
que provocam feridas.
As mesmas palavras,
que em tempos usaste...
quando ainda tinhas asas,
tempos em que me amaste.
Choram todos sem fim...
todos os verbos doces,
que viviam em ti e em mim
O vazio daquelas frases,
que para trás ficaram,
jazem somente os lilazes,
daqueles que se amaram.
Abres a boca na tentativa,
que saiam mais do que sons
e na hora da despedida,
pões sal grosso na ferida,
na desesperada tentativa,
que caia em teus braços frios,
outrora protectores e quentes.
Estou cansada desses desvios,
das tuas palavras eloquentes,
dos pensamentos efervescentes,
que gritas aos quatro ventos.
O suicídio do nosso amor,
foi mais do que um doce favor.
Foi o sossego que me concederam,
as eternas e sofridas palavras,
que te disse finalmente...
Num gesto de dor dormente,
ficou para sempre, só e somente,
a memória do que existiu!
De tudo o que resta...
Resta por fim, o suícidio...
O suícidio das palavras!


(Este foi retirado do baú, mas não podia deixar de partilhá-lo com vocês)
Aquele abraço.

Comentários

Anónimo disse…
Excelente este texto. Se no baú tens mais "coisas" destas tens de lá ir mais vezes.

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