InterRail - A aventura...

São 04:30. Olho para o lado vazio da cama. Não estás... está vazio.
Passo a mão pelo lençol frio. Enrosco-me no edredon e abraço-me, enquanto me escorrem as lágrimas pelo rosto.
(Flashback)
-4 anos atrás-
Fiz 20 anos há um mês e já ando a preparar esta viagem há cerca de dois anos.
Estou nervosa.
Quero tanto ir conhecer sitios novos... Fugir da minha realidade e encontrá-la noutro sitio... longe.
Comprei uma mala com compartimentos para separar tudo. Sempre gostei de coisas organizadas.
Fiz mil listas para ter a certeza de que não me esquecia de nada e parece-me que desta forma, mesmo que quisesse jamais me esqueceria de alguma coisa.
Vou fazer um InterRail, por alguns países da Europa que seleccionei.
Alguns deles já anseio conhecer desde nova e esta vai ser uma oportunidade fantástica de o fazer.
Chegou o dia!
Os meus pais levaram-me ao ponto de partida para a aventura da minha Vida.
Despedimo-nos com a minha mãe lavada em lágrimas.
Quando iniciei a viagem, sentada no compartimento que me estava reservado, junto à janela, fui olhando a Vida que ficava para trás.
Em meu redor, só estranhos... estranhos, que se tornaram em amigos, sempre que a oportunidade surgia.
Tinha uma ideia dos países que queria conhecer para já.
Escolhi Espanha, França, Suiça, Áustria e Itália.
Adorei a viagem.
Fiz amigos em todos os países, principalmente na vizinha Espanha, onde tenho casa para ficar em Barcelona sempre que quiser.
Conheci a Ana Martinez e estranhamente ficámos muito amigas.
Começámos a falar no jardim junto à Sagrada Família. Eu olhava perdida para aquele monumento gigantesco e senti-me invadida por um sentimento que não sei explicar. De imediato soltei uma lágrima.
Ana achou estranho e perguntou-me se eu estava bem. Estava a passar pelo jardim, para ir para casa, quando me viu e pensou que me tivesse acontecido alguma coisa, foi então que lhe expliquei o que se tinha passado e comecei a contar-lhe a história da viagem. Acabámos por ir até à “Ciudad velha” onde pedimos umas “cervezas” e ficámos a conversar até nos cansarmos.
Em França, conheci uns Australianos e um deles tinha um pai português, o que nos aproximou. Trocámos moradas e números de telefone. Trocámos experiências e opiniões sobre o Mundo. Ajudou-nos a crescer e a abrir os horizontes.
Chorei e ri. Foi uma mistura fantástica de emoções.
Na Suiça tremi de frio. Sempre de mochila às costas e mapa na mão.
Uma dor aguda nos pés, emitia uma ordem ao meu cérebro, para mandar a minha garganta gritar o mais alto possível.
Estive com muitos portugueses na Suiça. Emigrantes que já lá estão há muitos anos.
Pediram-me noticias de Portugal, principalmente aqueles que não têm oportunidade de regressar com frequencia, nem para passarem umas férias.
Estive dois dias na Áustria, mas senti-me um pouco sozinha. Foi aqui que fiz uma pausa para pensar.
Finalmente, cheguei a Itália. O País! Aquele que sempre quis conhecer, estava, agora, sob os meus pés.
A alegria por ali estar era visível no meu rosto e as pessoas sentiam-no. Fui muito bem recebida.
Aqui estava aberta a experienciar coisas novas. Tudo me cheirava bem. As cidades, o dia, a comida, as pessoas.
Foi um sonho realizado.
Fui acompanhada por um grupo bastante numeroso. Parece que Itália, acaba por ser um ponto de encontro para muitas pessoas que fazem o InterRail e principalmente para os amantes de Arte. Assim como ficam fascinados em Paris, perdem-se em Itália, em Roma, em Milão e em Florença.
O grupo foi-se dispersando, até ficarmos reduzidos a meia dúzia.
Juntámo-nos e decidimos quais as cidades que queríamos visitar.
Não temos tempo a perder.
De mochila às costas e algumas dores no corpo, cá vamos.
Estavamos a caminhar em Roma, em direcção à Capela Sistina, para vermos os afrescos de Miguel Ângelo, quando senti alguém a tocar-me num saco de viagem que levava na mão direita.
Com os reflexos, dei logo uma cotovelada na pessoa e deitei-a ao chão.
Quando olhei para trás, estava o Guilherme, estendido no chão, com algumas coisas espalhadas.
Pedi-lhe desculpa e ajudei-o a levantar-se. Apanhei as restantes coisas caídas e ele explicou-me que apenas tinha feito aquilo porque me queria ajudar a carregar as coisas.
Achava-me com um ar demasiado cansado e apenas queria ajudar.
Guilherme também é Português, tem 23 anos e veio fazer o primeiro InterRail.
Sente-se um pouco perdido no Mundo. Não se identifica com nada do tempo em que vive e sente-se cansado das pessoas que o rodeiam. Não hesitou, quando lhe sugeriram esta viagem e cá está... à minha frente.
- Obrigado e desculpa. Pensei que estava a ser assaltada!
- Queria perguntar-te se precisavas de ajuda, mas não sei o teu nome e comecei logo a agarrar nas coisas, sem pedir. Desculpa-me, a culpa foi toda minha.
Corei.
Achei-o simpático e... giro.
Já são duas qualidades inegáveis.
- Estás desculpado. Chamo-me Mafalda e tu?
- Guilherme! - respondeu, dando-me dois beijos na face, à moda de Portugal.
Correspondi. Já sentia falta de ser cumprimentada assim e ainda mais, por alguém que fala a mesma língua.
- Deixas-me ajudar-te agora?
Sorri.
- Deixo sim.
Ele sorriu.
Pegámos nas coisas e continuámos. O resto do grupo já se tinha adiantado.
Eu e o Guilherme aproveitámos para nos conhecermos melhor. A conversa fluiu. Foi bom!
Existia sem dúvida uma ligação. Alguma química.
Visitámos a Capela Sistina. Adorámos poder estar num sítio que só tinhamos visto em livros.
Saímos da Capela e fomos jantar.
A comida era óptima.
Depois de jantar decidimos ir a um hotelzinho modesto, que nos foi recomendado pelo empregado do restaurante, onde alugámos os quartos.
Fomos para os quartos deixar as coisas e acabámos por ficar no quarto dele a conversar.
Ele contou-me algumas aventuras noutros países onde tinha ido. Sempre sozinho.
- Porquê que vais sempre sozinho?
- Antes só que mal acompanhado!
- Concordo, mas por vezes aborrece estar sozinha. Quando estive na Áustria, antes de vir para Itália, senti-me muito só. Lembrei-me muitas vezes de casa e dos meus amigos... da minha Vida. Foram uns dias dificeis de passar.
- Eu fiz esta viagem principalmente para fugir às pessoas, por isso não faria sentido vir acompanhado.
- Então não faz sentido estares agora aqui, comigo...
- Talvez tenhas razão...
Silêncio. Ficámo-nos a olhar durante algum tempo.
- Eu prefiro que estejas aqui. Gosto de ter companhia e para além disso falamos a mesma língua... Não preciso de estar a fazer um esforço terrível, para fingir que sei falar outras línguas.
Rimos.
- Também gosto de estar aqui... contigo. Quando te vi no comboio em França, reparei que estavas um pouco perdida, mas ainda era muito cedo para eu falar com quem quer que fosse.
- Em França?... há duas semanas?... e lembras-te?
- Sim em França. Claro que me lembro! Num comboio cheio de gente barulhenta, eras a única que ía calada junto à janela a olhar lá para fora. Lembro-me como se fosse hoje.
Achei surpreendente. Foi a primeira vez que algo assim me aconteceu.
Continuámos na conversa a noite toda.
- Há muito tempo que não tinha uma conversa tão agradável com alguém, sem me aborrecer pelo meio e ficar cheio de vontade de me ir embora.
Ri.
- A sério? Já estiveste para deixar alguém a falar sozinho ou sozinha?
- Já! Tantas vezes!
- Ok! Já entendi és anti-social!
- Não sou anti-social, mas não tenho paciência para toda a gente!
- Obrigado por teres paciência para mim.
- É um prazer.
Ai, ai... a carne é fraca, mas eu Mafalda Sousa, segurei-me.
- Vamos ligar a televisão? Quero ver se eles fazem dobragens nos filmes. - disse-lhe a sorrir, enquando pegava no comando.
- Já não vejo televisão desde que saímos de Portugal. Liga e vem para aqui. Podes tapar-te, eu fico por cima dos cobertores.
- Está um pouco frio, por isso podes tapar-te também. Daqui a pouco vou para o meu quarto e para além disso estamos os dois vestidos.
O Guilherme sorriu e abriu a cama, enquanto eu fazia zapping.
Deitámo-nos os dois e rimos com os programinhas que estavam a passar nos canais italianos e pusemo-nos a comparar os apresentadores com os nossos.
Acabei por adormecer na cama dele.
No dia a seguir quando acordei, estava eu completamente embrulhada nos cobertores e ele estava a dormir numa poltrona ao lado da cama.
- Guilherme?! Guilherme?!
- Sim... hm... eu.
- Acorda Guilherme.
Guilherme acordou.
- Dormiste bem? - perguntou-me.
- Dormi sim, mas cálculo que tu não tenhas dormido muito bem. Porque é que não ficaste ali?
- Não queria que levasses a mal ou pensasses que me queria aproveitar de ti.
- Desculpa ter adormecido na tua cama. Devias ter ficado ali. Não ía pensar que te querias aproveitar de mim.
Nesse dia, depois de deixarmos o hotel, fomos a Florença e foi mais ou menos, na altura em que o Sol se pôs que surgiu o primeiro beijo.
Na última noite que passámos em Itália fizemos amor, mas não vou dizer-vos onde.
Foi uma viagem fantástica para nós os dois.
(Presente)
São 04:30. Olho para o lado vazio da cama. Não estás... está vazio.
Passo a mão pelo lençol frio. Enrosco-me no edredon e abraço-me, enquanto me escorrem as lágrimas pelo rosto.
(Flashback)
-14:45-
- Precisamos de conversar!
- Queres conversar sobre o quê?
- Sobre nós!
- Ahhh OK. A “conversa”!
- Estás ironizar para quê? Achas que não há nada para conversar?
- Não. Acho que não.
- Já não páras em casa. Quando atendes a merda do telemóvel, sais sempre de perto de mim e não falas, murmuras.
- Que eu saiba não tenho que atender o telemóvel ao pé de ti. Estão a ligar para o meu telemóvel, não é para o teu, certo?
- Sempre o fizeram e sempre atendeste ao pé de mim, certo? O que é que mudou? O telemóvel continua a ser teu, como sempre foi. Não me parece uma desculpa viável. Só gostava que partilhasses comigo o que é que se passa!
- Estás a ser paranóica!
- Se eu estou a ser paranóica, tu não estás a ser honesto!
Nesta altura virei-me de costas, já não conseguia conter, nem mais um segundo as lágrimas dentro de mim.
Que sofrimento!
Nesta mesma altura deparo-me com o poster na parede. Uma foto tirada em Florença, na tarde do nosso primeiro beijo.
Saio a correr da sala, bato com a porta e fecho-me no quarto.
Não o quero ver... não consigo!
Como é que me posso conformar de que está tudo bem, quando sinto que não está.
Todos os indícios que ele me dá, é de que algo se passa... Algo que não quer partilhar comigo, mas afinal nós somos um casal. Vivemos juntos há 3 anos.
Oiço a porta da rua bater com força!
Que dor!
O que é que vou fazer com este amor que sinto? Todo este amor que sinto por ele?
Queria arrancá-lo do peito agora, fazer as malas e ir embora sem olhar para trás, mas é-me impossível... completamente impossível.
Deito-me na cama e agarro-me à almofada. O choro é compulsivo.
Adormeço.
(Presente)
Acordo.
São 04:30. Olho para o lado vazio da cama. Não estás... está vazio.
Passo a mão pelo lençol frio. Enrosco-me no edredon e abraço-me, enquanto me escorrem as lágrimas pelo rosto.
(...)



O final desta história, não sei se o devo escrever.

Temos o final óbvio: O Guilherme deixa a Mafalda.

Temos o final cor-de-rosa (raramente acontece): O Guilherme volta, tem uma conversa com Mafalda, diz-lhe que foi uma fase, mas que a ama e quer ficar com ela e assim, ficam juntos.

Temos o final alternativo: O Guilherme assume uma traição e conta a Mafalda que fica sem saber se o perdoa ou não.

Temos o final Shakespeare: A Mafalda mata-se com uma caixa de comprimidos e o Guilherme quando regressa a casa decidido a contar-lhe da festa surpresa que anda a preparar há algum tempo, descobre-a morta em cima da cama e decide-se suicidar também.

O que é que vocês acham?
Qual o final perfeito para esta história?

Comentários

R.Mendes disse…
Mafalda deixa-se ficar na cama, no silêncio, com uma dor no peito que a obriga a perguntar-se se é aquilo que realmente quer. As lágrimas que lhe escorrem pela cara, o peso dos sentimentos e dos pensamentos que a atravessam deixam-na cansada, e adormece.

Mafalda acorda sobressaltada. O telefone toca na mesa de cabeceira. Mafalda olha em volta, e através das frestas do estor percebe que já é de noite.

Não foi a tempo de atender o telefone. Olha para o telemóvel e vê uma mensagem.

"De: Pedro
Estou no hospital de Sta Maria. Assim que puderes vem cá ter por favor!! Beijos"

Mafalda tenta telefona para Guilherme, mas o telemóvel está desligado. Levanta-se a correr e começa-se a vestir, enquanto mil possibilidades lhe atravessam o pensamento.

Estaciona no parque do hospital à pressa, e entra a correr. Vê Guilherme na entrada, cá fora, agarrado à cabeça.

- Guilherme!? O que foi, que se passou?! Estás bem?

- Desculpa amor... Devia ter falado contigo... Tenho andado de cabeça completamente cheia e não sabia como o fazer, nem como te dizer...

- Sim! Mas o que se passa Guilherme? Estás bem?!

- O meu pai... Diz Guilherme enquanto começa a verter lágrimas pelo rosto... Tem um tumor na cabeça... Não sabem se é maligno, mas ele sentiu-se mal e caiu desmaiado... Ainda estamos à espera que os médicos digam alguma coisa...

- Então era por isso... Desculpa Guilherme, por ter gritado contigo hoje. Sabes que podes contar...

- Sim, sei que posso contar contigo para o que precisar. Não sabia como te dizer, não queria falar sobre isto, queria que fosse apenas um sonho mau e que pudesse acordar a qualquer instante.

Neste momento, a mãe de Guilherme aparece à porta do hospital, com cara de quem esteve a chorar o que podia e não podia, mas com um sorriso enorme. Guilherme não compreende.

- Filho, os médicos dizem que o teu pai vai ficar bem. Eles estiveram a explicar-me, o teu pai vai ser operado, mas ele está bem, vai ficar bem!

Guilherme não quis ouvir mais. O que acabara de ouvir chegava-lhe, levantou-se e abraçou a mãe e Mafalda num abraço enorme, de felicidade, do tamanho do mundo.

O pai tinha um tumor junto ao lóbulo esquerdo, que havia sido descoberto à uns meses mais o pai de Guilherme não queria fazer mais testes, pois tinha medo que os médicos lhe dissessem que ia morrer. Aquando do internamento, foi feita uma biópsia, o tumor era benigno, mas estava a causar pressão no cérebro do pai de Guilherme, o que causara problemas de irrigação, e consequentemente os desmaios. Mas sendo benigno e não metastizado, seria possível removê-lo. A operação seria complicada, mas possível, e as probabilidades do pai de Guilherme ficar totalmente recuperado eram bastante animadoras.

Guilherme amava Mafalda mais que tudo, e pediu desculpa por a ter deixado de fora numa fase tão complicada, o que Mafalda desculpou, com a condição de não se repetir. Eles estavam juntos, como casal, e juntamente ambos enfrentariam as adversidades. Guilherme acenou que sim, e beijou-a.

(então e um outro final alternativo, hein? - Peço desculpa pela intromissão na tua história)
Anónimo disse…
Não podemos esquecer um final á Steven Spielberg:

Mafalda decide ir até a casa no campo.
Quando chega a estrada de terra batida que lhe dá acesso a vivenda ouve uns sons estranhos e arrepiantes vindos da floresta.
O medo não toma conta dela, o seu desejo de ver Guilherme superava qualquer outro sentimento.
Á medida que percorre o caminho os sons vão-se tornado cada vez mais altos, no entanto ao chegar a casa Mafalda não vê nenhuma luz acesa e depois de confirmar que não está ninguém a sua atenção direcciona-se para os sons vindos da floresta, a origem parecia do lago que existia lá perto.

Lentamente, para não atrair a atenção do que quer que fosse, aproximei-me do lago e vi umas luzes cintilantes em volta de uma espécie de ovo gigante, custava-me a acreditar, mas parecia uma nave espacial!
Esfreguei os olhos e belisquei-me para confirmar que estava realmente acordada!
Era fascinante, tentei aproximar-me para verificar se via alguém ou mais alguma coisa para além do “grande ovo” e sem querer um tronco seco partiu-se por baixo dos meus pés!
Fiquei assustada! O medo tomou conta de mim e só me lembrei de fugir.
Guilherme agarrou-me e impediu-me de continuar, não sabia o que pensar, ele ali? Como é possível?

- Guilherme, o que fazes aqui?
- Mafalda, havia muita coisa que te queria explicar, mas não podia.
- Tu viste aquilo? Tens alguma coisa a ver com… aquele… Ovo?
- Não sei como te hei-de dizer, eu sei que deve ser difícil para ti, mas eu vim do planeta Optimus e o meu nome é CCELXX.
Somos uma raça parecida com os humanos, no entanto comparado com vocês temos um grau de inteligência muito superior. Temos capacidade de ler os vossos pensamentos e nos adaptarmos as vossas necessidades e conseguirmos o que queremos dessa forma.
- Foi por isso que tivemos uma empatia tão grande em Itália? Tudo o que falamos e tudo o que vivemos foi uma mentira? Alguma vez me amaste?
- Mafalda, desde que te vi que senti algo especial, gostei de falar contigo, alimentavas a minha sede de conhecer o vosso povo, saber realmente como vocês pensam e por vezes deixei que a nossa conversa fluísse normalmente sem ver o que estavas a pensar.
Como vês nem tudo foi mentira.
Mas agora tenho de ir, desculpa ter deixado as coisas como estavam, mas como não te podia explicar tudo isto tive de usar outra forma de me ir embora.
Mafalda chorava de tristeza por se sentir enganada e ver que definitivamente iria ficar sem Guilherme.
- Mafalda para que não sofras com toda esta situação vou fazer com que voltes atrás no tempo, no momento em que chegaste a Itália e te sentias a mulher mais feliz do mundo, espero que encontres alguém especial, que te mereça e que te faça feliz.
Estarei sempre contigo nos teus sonhos.
E.T. go home…

Puff

…Finalmente, cheguei a Itália. O País! Aquele que sempre quis conhecer, estava, agora, sob os meus pés…

É isso :p
Anónimo disse…
Mafalda por amar tanto Guilherme decide ter uma ultima conversa para esclarecer tudo de uma vez por todas.
Tentei ligar para o telemóvel, mas sem sucesso, estava desligado.
Apesar de só estarem juntos há 3 anos, Mafalda e Guilherme conhecem-se bastante bem devido a relação que tinham um com o outro, uma relação aberta em que todos os dias conversavam como da primeira vez em Itália.
Guilherme quando se sentia triste ia para uma casa no campo reflectir e Mafalda decidiu verificar se lá estava. Ao chegar vê pela janela uma luz cintilante como se de uma vela se tratasse mas mais forte acusando a presença de alguém.
Mafalda respira fundo e preparada para a sua possível ultima conversa com Guilherme entra sorrateiramente para não o assustar, passa pela cozinha, a lareira estava acesa, no entanto ele não estava na sala, mas pairava no ar um ambiente que Mafalda achou estranho, velas acesas, almofadas espalhadas no chão e dois copos de champanhe junto á poltrona.
Mafalda com medo, no entanto o seu desejo de realmente ver o que se estava a passar leva-a ao jacuzzi de onde ouvia uns murmúrios.
Não podia acreditar! Ele ali com a Susana, a minha irmã mais nova. Era demais para mim, o meu coração explodia de raiva ao me sentir traída, não consigo aguentar, não conseguirei viver com este sentimento e esta imagem o resto da minha vida.
Fui á garagem procurar uma forma de me libertar de tudo isto para sempre, encontrei a caçadeira do Guilherme que ele usava para caçar no bosque.
Voltei ao jacuzzi para o ver pela última vez e nunca pensei ser capaz de matar a pessoa que mais amava e a minha própria irmã, no entanto foi um sentimento de alívio que nunca mais irei sentir.
Anónimo disse…
[em sintonia... aqui vai a minha versão...]

4:31. 4:32. O tempo vai passando e eu continuo ali. O vazio ao meu lado e dentro de mim. Entranhando-se em cada pedaço de mim. Fecho os olhos por um segundo e sinto o silêncio infiltrar-se pelas frinchas da porta e acomodar-se por ali.
olho o relógio. O tempo passa e eu fico ali. Mergulhada na minha tristeza. Pego no telemóvel. Silencioso. Nem uma mensagem, nem uma chamada. Nada. Simplesmente nada.
4:33. 4:34. O tique-taque incessante de que eu estou a perder o controlo. Ali, naqueles números brilhantes e vermelhos especados naquele despertador. Estou a perder o controlo? Fecho os olhos. Quero dormir. Quero esquecer tudo. Quero esquecer o mundo lá fora, o vazio cá dentro e ali bem perto. Fecho os olhos mas o sono não vem.
4:35. 4:36. Mudo de posição. Ajeito o lençol, o cobertor, a almofada. Viro-me de costas. Ponho as mãos por baixo da cabeça, mas não tenho posição. Não consigo esquecer-me. O silêncio, apesar de mudo, continua a lembrar-me. Incessantemente. Repetidamente. Gritando comigo.
4:37. 4:38. Abro os olhos e fico a fixar o tecto. Aquela tinta branca, impávida, ali, por cima de mim. Tento entender tudo, mas não percebo nada. Não percebo o modo de agir, as desculpas, o silêncio, o vazio. E se não houver nada para perceber? Se for o impulso? Se for o que quer que seja? Se for um sinal? Se for o destino?
4:39. 4:40. O tempo passa e eu não sei o que fazer. Se é que tenho de fazer alguma coisa. Roo as unhas. É um mau hábito que tenho quando algo me consome. Digo para mim mesma, baixinho... e agora?! e agora?! E agora?!
4:41. 4:42. Agora tenho de fazer alguma coisa. Vou ficar aqui parada a olhar para ontem? À espera de um qualquer milagre? Não existem milagres...
Sei que o meu olhar está triste. O meu coração dorido, mas tenho de tomar uma decisão. Ainda que seja com base num impulso, mas tenho. O meu instinto diz-me que tenho.
4:43. 4:44. O tempo passa devagar. Levanto-me. Pego no telemóvel. Continua mudo, como se nada o importasse, como se não existissem chamadas importantes no mundo. Eu sorrio.
4:45. 4:46. Nenhuma notícia. Nenhuma mensagem. Nada. Não consigo esperar mais. A dor chega a ser insuportável, mas há-de passar. Como diz o ditado, o tempo cura tudo. Eu digo que uma nova etapa muda tudo. E tomo uma decisão. Pego na mala de viagem e começo a arrumar as coisas todas. Ponho a tocar um cd que o Guilherme detesta e vou fazendo evaporar a minha presença desta casa.
4:47. 4:48... Ligo para o aeroporto. Há voos para o Rio de Janeiro? A que horas? Pode marcar-me um lugar? Pago com cartão de crédito.
5:00. 5:01. Deito um último olhar à minha volta. Mais uma espreitadela no telemóvel, que continua em silêncio. Sinto vontade de deixar uma carta ao Guilherme, mas contenho-me. Que explicações? Limito-me a deixar-lhe um bilhete. Uma simples frase: 'o que se perde, perdido está'.
Abro a porta do táxi que chamei e digo ao motorista 'Para o aeroporto, por favor!' Olho o relógio. Ainda tenho algum tempo. Ponho os óculos escuros, respiro fundo e pergunto-me se terei tomado a decisão certa. Olho a rua que vai passando lá fora a uma velocidade incrível e percebo que sim. A vida não espera por nós. E eu não podia pôr a minha vida em stand-by. Olho a rua lá fora, que passa numa correria e sorrio. Afinal, é um novo dia que começa!
[...]
Guilherme chega a casa. Não sabe o que fazer. Está indeciso. Mas sabe que as coisas não podem continuar assim. Abre a porta e sente que qualquer coisa mudou. Na mesa do corredor pega no bilhete de Mafalda e lê 'o que se perde, perdido está'. Irónico... Sempre que se perde alguém ou alguma coisa é que percebemos mesmo a importância delas na nossa vida... Para quê insistir?

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