O Adeus de Tatiana!

Deitada na minha cama, olho o tecto na ânsia de lá encontrar as respostas às minhas tormentas.
Viro e reviro-me, mas não consigo iluminar a mente. Está demasiado difícil!
Levanto-me. Visto-me. Preciso de sair de casa urgentemente.
Agarro no telemóvel, na mala, na chave do carro e na chave de casa e fecho a porta como se fugisse.
Deixo-te para trás. Tento esquecer a insanidade que invadiu a minha Vida, nos últimos tempos.
Quero ser forte!
Entro no carro. A música berra-me aos ouvidos, graças a umas valentes guitarradas e a uma bateria potente.
Quero desaparecer. Evaporar-me. Teletransportar-me para outro sítio, noutra dimensão ou galáxia.
Estou tão zangada! Tão destroçada!... Tão frágil...
Mal consigo conduzir, com as lágrimas que me invadem, num choro compulsivo.
Queria, por uma vez na Vida... não sentir!
Não sentir o coração bater-me dentro do peito como se quisesse sair. Como se também ele, não estivesse bem comigo.
Pára!
Parei o carro no meio da estrada!
Não aguento mais. Sinto-me a sufocar.
Atrás de mim, formou-se uma fila interminável de carros e todos buzinam e protestam.
Ponho as mãos na cabeça e olho em volta.
Do meu lado esquerdo há uma estrada de terra batida, envolvida por umas árvores.
Perfeito!
Começo a correr. Corro, corro, corro sem me cansar.
Não avisto nada. Apenas uma estrada interminável. Sem solução.
Sinto-me perdida. Sem ti. Sem nada.
Nunca pensei ser possível sentir-se um vazio tão grande, mas agora, no meio do pó, de joelhos e olhando o horizonte à minha frente, depois de uma imensidão de mar e de céu, percebo...
A razão deste vazio que se sente...
Se a Vida é tão frágil, como poderiam existir sentimentos indestrutíveis?
Não é o mesmo que pensarmos que as nuvens são de algodão?
Agora que estou aqui sozinha, percebo...
O quão imperfeito eras para mim. Como me ferias por nada. Gratuitamente. Por motivo nenhum. Tão egoísta. Tão egocêntrico. Tão ausente de Amor!
Dei-te o melhor de mim. Estive sempre presente quando mais precisaste, mesmo quando não davas pela minha presença.
E tu? O que me deste?
Esta angústia! Fizeste-me desacreditar no bem mais precioso, que o ser humano possui, que é o Amor!
Porquê?
Porque não estás aqui para me responder?
Porque fugiste? Porque partiste e me deixaste?
Porque não me amaste?
Porque traíste tudo em que eu acreditava?
O desespero. A raiva apodera-se de mim.
Busco na mala o anel que um dia me deste, com promessas de amor eterno.
Levanto-me. Respiro fundo.
Contemplo-o uma última vez e busco em mim todas as minhas forças.
Dou-lhe um beijo. Trinco-o e atiro-o ao mar, até deixar de o ver.

...


Adeus!

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