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A mostrar mensagens de março, 2005

Rosas - um amor que nem a morte separa

Perdi-me naquele dia de Sol... Num dia que apesar de estar um Sol quente de Verão, senti-me no mais profundo e rigoroso, dos invernos. Tinha ido fazer aquilo que faço todos os Domingos. Peguei no carro e conduzi-me até ao Cabo da Roca, onde ía pedir ao mar que fizesse chegar as flores até ti. A ti que te tinha perdido, num dia de chuva e tempestade. Esquecer-te estava a tornar-se uma tarefa impossível, apesar de todos me dizerem que para meu bem, tinha de deixar-te partir. Este ritual estava a destruir-me, diziam muitas vezes, principalmente quando pensavam que eu não estava a ouvir. A verdade é que nunca me perguntaram porque o fazia... sempre se preocuparam mais com eles, do que comigo. Ainda hoje fecho os olhos e imagino-te a dormir e ainda consigo fazer os teus retratos a sépia, com o mesmo pormenor que sempre os fiz e são eles que dão vida à minha vida. São eles que te mantêm vivo e perto. Por vezes penso, que tal como tu, não devia ter acordado naquele dia e ainda hoje estaríamos

Ser sublunar

O dia em que o Sol nasceu e vestiu-se de laranja efervescente... O dia mais quente do ano. Esse em que subi aos céus, só para te ver, Escondida entre as nuvens, brindei à tua sublime ternura... Este ser sublunar, ébrio de emoções, inquieto e curioso... Espreita-te de longe. Não ouso tocar-te, com medo de alterar a tua natureza... Essa natureza ímpar, que faz de ti... A côr; o som, a imagem, o ponto, o espírito. Esse dia em que o Mar reflectia como um espelho... O dia mais brilhante do ano. Esse em que contei às borboletas, o meu sonho, De ter umas asas que me levassem mais vezes, Para perto de ti. Peço ao vento, de mansinho, o seu sopro, Na esperança vã, que com ele, Venhas suavemente...em busca do desconhecido. A noite em que a Lua se mostrou nua... A noite mais quente do ano. Essa em que te encontrei, junto às rochas, Pensativo e longe, distraído com a vida, Até que sentiste a minha presença e Me preencheste com esse sorriso. Este ser sublunar, ébrio de emoções, inquieto e curioso.

A história mais linda...

Esta é uma história, que podia até, estar relacionada com o Natal, mas não está. Passa-se num bosque, depois do limite de uma grande cidade, numa pequena cabana, construída em madeira. Aproximo-me, tentando não fazer barulho. Espero não pisar nenhuma folha seca, apesar de ser uma tarefa complicada, visto o manto que cobre a terra, ser tão vasto. Consigo chegar à janela, onde vejo a luz de uma vela, que arde, sem pedir licença, enquanto, um homem, escreve, completamente embriagado pelas palavras, que lhe saem do pensamento. Regista, em tinta preta, num papel, aparentemente macio, as ideias que se soltam e que viajam, desde a sua cabeça, até chegarem à sua mão, que firmemente, agarra na caneta. Tem um ar tão distante, como se estivesse num mundo paralelo a este. Deve ser isso que acontece, quando se escreve...o nosso corpo, permanece nesta realidade, neste mundo, mas a nossa mente, começa numa viagem, sem fim. De dentro da casa, vem um cheiro delicioso, a café acabado de fazer e um calor

Re-Construções

Terça feira, um dia amargo, nada de especial a não ser uma coceira enorme no cocuruto da cabeça, a experiência era deliciosa, mas a chuva não batia assim. Cocei a cabeça, com alguma insistência, até que me tocaram nas costas ao mesmo tempo que lhe saia da boca, uma série de pontos de interrogação, que se atropelavam uns aos outros e que atrofiavam a cabeça. Aquelas interrogações eram um grito vazio de conteudo, o balão apareceu sem nada escrito, era um vazio de ideias, mas logo me lembrei que estavamos na era do cinema mudo... no tempo do rock and roll. No tempo do sexo e do mentol. De homens que não largam o urinol. Deprimentes de balões em riste... mulheres e homens, em despiste. Calam-se vozes e gritam pensamentos. Mas isso estava vago mesmo, até porque esses pensamentos eram demasido sérios para se poderem passar para o lado de cá. Aquela era uma dimensão unica, onde os pensamentos se misturavam com as vozes e quem gritava, logo ganhava, mas a vida, essa vivia-se a 100 à hora para

The chauffeur

O despertador tocou há dez minutos. Atiro com ele para o chão e parte-se. Já é o terceiro este mês. Tenho de me levantar... vá lá corpo, levanta-te! A custo, lá me levantei. Já lavei a cara e espreguicei-me, como se o mundo fosse acabar amanhã, mas o cansaço da noite de ontem, não desaparece. Vou tomar um duche, vestir o fatinho e colocar o meu sorriso nº33, para encantar os meus queridos patrões. Aquela gente hipócrita, para quem trabalho. Podres de ricos, no entanto, tão futéis. “Dá Deus nozes a quem não tem dentes!” Eu ando a afiar os meus! Coloco os meus óculos escuros e estou pronto, para mais um dia... Como as minhas amigas dizem “ a versão Martini-man”, que muito tem feito por mim. Daqui até à mansão, são uns 5 minutos a pé. Vivo num anexo, gentilmente cedido pela Senhora. Só preciso de atravessar o jardim. Entro pela porta das traseiras, como o comum empregado e tomo o pequeno almoço na cozinha, preparado pela Maria, a cozinheira. Após todos tomarem o pequeno-almoço, apresento-

Estranhas melodias

Olhei pela janela... lá fora começa a chover e o mar mostra-se mais revoltado do que nunca. Depois desta visão, fiquei com uma vontade enorme de ir tocar, no piano de cauda, que o meu avô me deixou no testamento. Quando o trouxeram nem queria acreditar. Coloquei-o na sala de estar, que tem umas portadas em vidro, com vista para o mar. Abro as cortinas e sento-me no banco... espreguiço-me... estalo os dedos e lanço-me nas teclas, com liberdade total. Apodera-se de mim uma energia única e uma sensação de leveza. Sem pauta, vou tocando nas teclas e formando as melodias. Vêm-me à memória, momentos da minha infância, em que o meu avô passava horas a ensinar-me, todas as melodias do seu tempo. O meu avô dedicou muito tempo da sua vida à música e tocar piano era para ele, uma paixão... uma paixão que ultrapassava qualquer outra. Ficava horas fechado num quarto, a tocar no seu piano e a compor as suas músicas. Passava dias inteiros assim, o que deixava a minha avó furiosa. Eu ficava no jardim

Olha... PACIÊNCIA!

Hoje estou de rastos e é assim que me apetece caminhar para o fim-de-semana... a rastejar, como as cobras, neste caso na mudança da pele, ou num qualquer processo de intenso sofrimento. Sinto-me cansada... cansada de vozes e de dúvidas, coerentes e incoerentes. De pessoas impacientes e carentes. De perguntas e afirmações. Devo ser masoquista... deve ser uma auto-penalização inconsciente, por qualquer acto cruel que tenha praticado num passado, talvez não muito distante. Talvez uma praga, um castigo. PACIÊNCIA! TUDO HÁ-DE PASSAR... PASSAR... FECHA OS OLHOS... FECHA-OS DEVAGAR... IMAGINA UM PARAÍSO... Imagino um paraíso? IMAGINA UM LUGAR ONDE QUISESSES MUITO ESTAR, NESTE MOMENTO. Estou a tentar... mas o meu ecrã está negro... um vazio que não tem fim... não me ocorre nada... CALMA... RELAXA... RESPIRA FUNDO... PRECISAS LIBERTAR-TE... Respiro fundo... Parece que estou no médico e ele me está a oscultar com o estetoscópio. Encosta-me aquele metal gelado contra o peito e só me apetece grita